Acciones en la Bolsa – Cleverson Salvaro

30/12/2013

En el contexto de la residencia del artista brasileiro Cleverson Salvaro, se realizaron diferenetes acciones en base al proceso de trabajo que mantuvo en CRAC.

Sus acciones fueron realizadas en el hall de entrada del edificio de la Bolsa de Valores, y en base a una reflexión sobre la recolección, el valor de las cosas en el capitalismo hoy desde la ciudad de Valparaíso. El edificio de la Bolsa es hoy un cementerio de la ilusión capitalista en Latinoamérica, de un esplendor económico del siglo XIX y comienzos del XX y que anticipó la decadencia que tuvo la ciudad poco después.

 

     

 

Aquí publicamos parte de su texto que puede leerse completo en este enlace: http://www.iberecamargo.org.br/blog/post/2013/12/06/Bolsa-Ibere-Camargo-2013-Relatorio-parcial-de-C-L-Salvaro.aspx

«Por la razón o la fuerza

Busquei caminhos desde o início. Logo na chegada a Valparaíso, sem mapas traçados ou sequer um endereço anotado, apenas com alguns nomes de ruas e lugares na memória para me orientar, precisava perguntar ao povo como e onde chegar. Meu sotaque ora estimulava as conversas, ora as bloqueava. Assim percorri diversas vezes as mesmas ruas, cruzei as mesmas praças, e encontrei as mesmas pessoas. Caminhei até os pés cansarem, e continuei quase até a exaustão. Ainda sem saber da estrutura e das dimensões da cidade, no primeiro momento permaneci no plano. Mas ali, logo acima dos olhos, os cerros sempre se impõem. Nesse primeiro dia, e só nesse primeiro dia, ficaria por aqui, onde a cidade parecia mais branda e pouco opressiva.

Quando se olha a cidade a partir dos cerros, todos os pressupostos caem por terra, pelas quebradas, até o mar. É um corpo fraturado. A maior parte da população vive acima, mas a vida social e as atividades comerciais cotidianas mais intensas se dão no plano. São forças complementares – muitas vezes é mais fácil baixar ao plano para ir a outro cerro. Mas qualquer observação da minha parte acerca da sua história seria rasa, porque a realidade é muito mais complexa.

Além dos clichês, tenho me dado a liberdade de perder-me constantemente. Alguns alertam sobre os perigos da cidade, principalmente para os estrangeiros. Não é de se estranhar, pois aqui se vive uma relação conturbada com os turistas, ao passo que esses tomam o espaço urbano sem muita delicadeza, e são facilmente identificados nas ruas fotografando tudo o que vêem. Exibem suas câmeras nos peitos como merecidas medalhas, algumas vezes ignorando a cobiça ao valoroso prêmio. Muitos questionamentos sobre a cidade surgem de como esses visitantes de fim de semana olharão o entorno e não de como os reais habitantes estão vivendo. Há pouco tempo houve uma greve municipal que incluía os coletores de lixo. Nesse momento em que montanhas de lixo se acumulavam nas ruas formavam-se pequenos cerros aos pés dos outros, e parte da imprensa local se limitava questionar sobre ‘o que os turistas pensarão?’

Mais do que os turistas, em toda parte, não há como não perceber a presença dos cães. Algumas vezes solitários, outras tantas em bandos, dominam as ruas. Em geral são mansos e alegres, buscam atenção e comida entre os locais e visitantes. Estima-se que haja mais de sete mil vivendo nas ruas, tantos que quase se neutralizam na paisagem. Enquanto alguns são personagens tão fortes quantos os habitantes, outros, bem como os humanos, sofrem com a invisibilidade que lhes é imposta. Tornam-se peças indesejadas nesse cenário tão ricamente construído. Porém, a cidade absorve o indesejado na mesma medida em que se apresenta aos visitantes.

      

Quando vi pela primeira vez o lema nacional gravado na borda da antiga moeda de 100 pesos ainda em circulação, pela razão ou à força, e perguntei o sentido da frase ao amigo chileno, curiosamente apelidado de ‘Samba’, percebi que a ideia de impor algo à força, apesar da razão, é demasiado forte para os nossos tempos. Mas nessa cidade a interpretação pode ser outra: força para se manter suspenso nas encostas, para descer e subir os cerros por suas escadas íngremes, para não sucumbir à pressão do capital e aceitar passivos a destruição da cidade e seus costumes em prol dos interesses de uma pequena fatia da sociedade. Samba também me apresentou a contraditória moeda de 10 pesos com a imagem do ‘anjo da liberdade’ rompendo correntes. Cunhada durante o regime ditatorial para celebrar sua ascensão, essa moeda ainda está em circulação, apesar de ter sido cunhada uma nova moeda com outra figura há mais de vinte anos. Moeda pequena, com valor tão baixo, mas um peso negativo gigantesco…

O encontro fortuito com a pequena moeda de 1 peso jogada na rua foi comemorado como um golpe de sorte, mas a recorrência desse encontro me fez perceber que o valor dela é tão diminuto que talvez o esforço para pegá-la não compense para quem a deixe cair. Para mim é inevitável pensar a relação entre o desvalor das moedas com o espaço onde o CRAC está instalado, justamente no antigo prédio da Bolsa de Valores, onde não há mais pregão, apenas são mantidos monitores demonstrando as variações das ações em outras partes. Esse edifício fica no centro financeiro da cidade, região onde também fica a maioria dos bancos. Nesse setor é corriqueiro encontrar algumas moedas perdidas ou, quem sabe, simplesmente abandonadas. 

Assim, pouco a pouco, mudei o meu olhar sobre a cidade e passei a percorrer os olhos sobre o chão buscando o almejado cobre. E agora que olho mais para o chão do que para as paredes, percorrendo distâncias cada vez maiores para sair da zona estável onde encontro mais facilmente as moedas, também deixo de olhar tanto para as pessoas, o que é uma das maiores perdas. Essa mudança de vista, aliada à minha necessidade de caminhar para sentir a cidade fisicamente, às vezes provoca uma sensação de desequilíbrio. Então me baseio na ideia de força como uma possibilidade de seguir adiante, para subir tantos cerros quanto possíveis e manter o mínimo de estabilidade, mesmo sem ter razão.»

 

 

 

 

 

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En el contexto de la Residencia de Cleverson, realizamos una actividad pública en la sala de arte WORM en Valparaíso (gracias Renato y todxs!!), allí Cleverson montó parte de la recolección de poster de animales perdidos recolectados en la ciudad y realizamos una charla (vía Skype) con Francisca Caporali, directora del espacio de arte y tecnología JACA en Belo Horizonte, Brasil, sobre el proyecto RE:USO donde participó Cleverson y que fue sobre algunas alternativas relacionadas con la reutilización de material desechado en la ciudad, para reflexionar sobre procesos de getrificación y especulación inmobiliaria en el barrio de Jardim Canadá de Belo Horizonte.

  

  

 

La residencia de Cleverson Salvaro se realizó gracias a una beca otorgada por la Fundación Ibere Camargo y en asociación con CRAC Valparaíso http://www.iberecamargo.org.br/

 

 

 

 


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